Workshop de Interculturalidade na Fala Brasil

“O interculturalismo refere-se à interação entre culturas de uma forma recíproca, favorecendo o seu convívio e integração assente numa relação baseada no respeito pela diversidade e no enriquecimento mútuo.”

Depois de 7 anos na Fala Brasil School e centenas de histórias de diversos alunos, percebemos que a maior dificuldade de estrangeiros recém chegados ao Brasil está no embate cultural e não na língua portuguesa.

Pensando nisso, organizamos nessa quarta feira, na Fala Brasil School em parceria com a ONG TellUs, mais um workshop sobre interculturalidade, dessa vez focado na educação. A dinâmica foi com pessoas das mais diversas nacionalidades incluindo brasileiros, franceses e chilenos.

Inicialmente, foram selecionadas pela TellUs 7 situações de embates culturais vividas por diversas pessoas. Os participantes foram convidados a ler cada uma delas. As situações contavam histórias, por exemplo, de uma tribo no Panamá onde crianças muito pequenas tinham a liberdade de mergulhar no rio sem supervisão de adultos. Quando questionada, uma delas respondeu que aprendeu a nadar com a água.

Em outra história foi descrito o espantamento de uma francesa com o tamanho das festas oferecidas para crianças muito pequenas aqui no Brasil. Em uma terceira, foi narrado como são os brinquedos na Suécia, em que o boneco “pai da família” aparece na cozinha, enquanto a mulher é identificada na churrasqueira. Uma inversão dos papéis que normalmente são vistos em muitos outros países.

Teve também a situação de um haitiano que quando explicou que estava tendo dificuldades na faculdade de química no Brasil por causa da língua, a professora perguntou “Ué, mas de onde vocês vem, da Angola?” e com desdém ele respondeu que se viessem da Angola, falariam português.

Após a leitura, uma rápida dinâmica de apresentação entre os participantes foi feita e então todos foram divididos em grupos multiculturais de 3 ou 4 pessoas. Cada grupo recebeu duas das histórias lidas previamente com um material adicional – uma possível explicação cultural de porque aquela situação acontece daquela forma – seguida de 3 perguntas para gerar debate.

Ao fim, todos os grupos se juntaram em uma roda para discutir pontos de vista opostos, possíveis explicações e compartilhar experiências pessoais. Muitas opiniões diferentes foram geradas e todas elas respeitadas. Enquanto de um lado uma grande festa feita para uma criança é vista como exagero, de outro ela foi entendida como forma de integração. Enquanto a super proteção pode trazer sofrimento para a criança quando inserida na sociedade, em grandes metrópoles, onde o perigo e a violência são uma realidade, ela foi identificada de forma mais compreensível.

O grande objetivo foi alcançado. Todos saíram com um olhar diferente de quando entraram e novas experiências interculturais na bagagem para compartilhar com  Pretendemos realizar muitos outros em breve!